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terça-feira, 11 de setembro de 2012

"O galã, queridos, mudou"..."ele pode ser brasileiro."

Lendo na internet me deparei com essa reportagem...depois não existe discriminação neste País...




Raynaldo Giannechini - ator na GQ de setembro /Foto: Reprodução GQ


Na semana passada, postei nas redes sociais a foto da capa da edição de setembro da revista GQ Brasil, em que Reynaldo Gianecchini posava ao volante de um possante. A manchete estampava duas frases do ator, que, como todos sabem, venceu um câncer de rara violência. “Tive de tomar uma decisão em relação ao câncer: escolhi ser macho”. “Sou dos excessos, capaz de ficar seis meses meditando, depois seis meses transando”. Duas “aspas”, como se diz no jargão jornalístico, fortes, impactantes e dignas de gerar burburinho.


Mas, para minha surpresa, não foram as frases nem o carro nem o fato de Giane estar na capa de revista de estilo masculina mais famosa do mundo que motivaram os comentários em série dos internautas. Fora raras exceções, o povo reclamou… do cabelo encaracolado de Gianecchini.


Ele se consagrou galã com a allure de super-homem. Porte atlético, sorriso brilhante, olhos semicerrados e cabelos lisos cujas pontas balançavam ante a menor brisa. Depois da quimio e de todos os tratamentos de dor e efeitos colaterais inomináveis que pararam o Brasil e aos quais muita gente duvidou de que ele sobreviveria, Giane se viu um novo homem pós-careca. Como em muitos casos, sua compleição capilar mudou e surgiu um homem que é a cara da maioria dos brasileiros, dono de um cabelo “tonhonhóim”, entre o encrespado e o encaracolado. O ator, mais uma vez, foi abençoado por sua estrela: ao contrário dos astros da TV que se veem obrigados a enfrentar horas de cabeleireiro para chegar à imagem ideal de seus personagem, o divertido, mulherengo e popular motorista Nando da próxima novela das 7, Guerra dos Sexos, nasceu espontaneamente com esse novo Giane.


Mas o Brasil não está preparado para ver seu maior galã ser a cara de seu povo. “Nossa, esse cabelo está horrível”, comentou uma internauta. “Chapinha, não?”, sugeriu uma twitteira. “Está parecendo o Coalhada”, alfinetou um rapaz no Facebook, referindo-se ao famoso personagem deChico Anysio. “Deus, o que houve com o cabelo dele?”, reagiu, estarrecido, outro seguidor do meu Instagram.


Não posso negar que, embora acostumado a ler a profusão de absurdos dos comentários da rede, fiquei incomodado com as opiniões a respeito da cabeleira de Gianecchini. Jamais esquecerei aquela emblemática capa da ÉPOCA para a qual ele posou, sem medo, a bordo de sua careca para ilustrar a emocionante entrevista à jornalista Ruth de Aquino. Ele contava o drama de seu tratamento, mas também celebrava sua vitória sobre o câncer. Foi lúcido, honesto e corajoso.


Nessa nova cabeleira, enxergo um homem lindo, um sobrevivente, uma fênix, um recém-nascido e um novo galã que vai ao encontro das premissas dos novos heróis da TV: tipos populares, de beleza atingível e possível, que poderiam estar no Divino mais próximo, como o Tufão de Avenida Brasil, pelo qual, mesmo gordinho, to-das as mulheres suspiram. Os caracóis de Gianecchini o libertarão para personagens mais livres, longe dos estereotipados bons moços de gel nos cabelos lisos. O galã, queridos, mudou. Ele pode ser negro — como Lázaro Ramos na nova novela das seis,Lado a Lado —, gordo, sem verniz de etiqueta, da classe C ou de cabelos crespos. Em resumo:ele pode ser brasileiro.


E faço minhas as palavras de outro internauta: “Me poupem”, pediu ele. “Vocês acham sinceramente que uma pessoa que enfrentou o que ele passou e venceu está preocupada com cabelo x ou y? Vão fazer voluntariado no hospital mais próximo!!!”

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